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Momento DiVino "Degustação horizontal e vertical" 24/03/24 - A Tribuna Jornal - Santos
MOMENTO DIVINO 24-03-2024

Santé! Esta semana, num bate papo com amigos, comentei sobre degustações horizontal e vertical, e, um deles, divertidamente, disse que preferia degustar em pé do que deitado. Evidentemente que foi engraçado, mas não se trata da posição dos degustadores, porque em geral ficamos sentados, ou em pé, e nunca deitados para provar um vinho.

A degustação horizontal gira em torno de vinhos da mesma safra, pode ser a mesma uva, vinícolas diferentes, mesma região, ou de diferentes localidades. Por exemplo: Syrahs brasileiros de diversas regiões mas da mesma safra. A ideia é distinguir suas diferenças. Já a vertical dedica-se à prova de várias safras de um mesmo vinho. Avalia-se a evolução e nuances de cada colheita. Normalmente, as verticais são feitas com rótulos de alta gama, como as que discorrerei aqui.



Neyen Espiritu de Apalta

A convite da CH2A Comunicação e da TDP Wines, na Vinheria Percussi, provei seis safras do emblemático vinho Neyen Espiritu de Apalta, das safras 2003, 2005, 2007, 2014, 2016 e 2018. Assinado pela Viñedos Veramonte, o Neyen, advém de vinhas de 130 anos. Há mais de 10 anos cultivam com práticas orgânicas e biodinâmicas no D.O Apalta, Vale Colchagua, Chile. A vertical foi para celebrar 20 anos do rótulo, com a condução do enólogo Gonzalo Bertelsen. Neyen é um blend de Cabernet Sauvignon e Carménère, cujas proporções variam a cada safra. O Cabernet aporta a estrutura, enquanto a Carménère, textura suave e final sedoso. 

Veja as observações de cada um:

2003 - 70% Carm. e 30% C. Sauvignon, 14º GL, 14 meses em barricas novas de carvalho francês. 
Perfeito, com taninos aveludados, equilibrado por conta do seu estágio em barricas novas, que concederam tal evolução e afinamento ao vinho.

2005 - 50% Carm. e 50% C. Sauvignon, 14º GL, 14 meses em barricas novas de carvalho francês. Proporção de uvas metade/metade deixou o vinho bem mais equilibrado e carnudo.

2007 - 70% Carm. e 30% C.Sauvignon, 14º GL, 14 meses em barricas novas de carvalho francês. Mesma composição do 2003 é untuoso, fresco, frutado, aveludado com ótima evolução.

2014 - 50% Carm. e 50% C. Sauvignon, 14º GL, 14 meses em barricas usadas de carv. francês. Nesta década, já com vinhedos orgânicos e biodinâmicos, o vinho apresenta acidez, tanino e corpo elegantes, algo vegetal, frutas destacadas e madeira mais amena. Gostei bastante.

2016 - 50% Carm. e 50% C. Sauvignon, 13,5º GL, 14 meses em barricas usadas de carvalho francês. Distinto e elegante. Predominam aromas do bosque nativo, flores, vegetais e fruta. Sente-se a diferença por conta das condições climáticas do ano, com temperaturas baixas, ainda vai evoluir.

2018 - 50% Carménère e 50% Cabernet Sauvignon, 13,5º GL, 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. Vinho bem equilibrado, envolvente, acidez precisa, com notas florais, frutas vermelhas maduras, especiarias, chocolate e taninos polidos. Encorpado, pode ser bebido já ou guardar por uns15 anos. Amei.

São importados por @tdp.wines e tanto a Viñedos Veramonte quanto a Neyen de Apalta integram o grupo espanhol Gonzalez Byass.


Escudo Rojo Baronesa P.

A convite da Orantes Assessoria e WorldWine, na sala de degustação da Casa La Pastina, provei as quatro safras do vinho Escudo Rojo Baronesa P., uma homenagem à Baronesa Philippine de Rothschild, por ser ela a protagonista em desenvolver os projetos Alma Viva e Escudo Rojo no coração do Vale do Maipo, Chile. Ela levou a expertise e a tradição familiar do Baron Philippe de Rothschild, Bordeaux, França.

O Baronesa P. é umas semblage ou corte, no qual a Cabernet Sauvignon predomina, junto às uvas Carménère,Petit Verdot, Syrahe Cabernet Franc.

Provei as safras 2018, 2019, 2020 e 2021, que foram apresentadas pelo enólogo Gonzalo Castro e Rémi Coubronne,representante damarca nas Américas. Os vinhos têm amadurecimento em barricas francesas novas e usadas,quevariam de14, 15, 18 e 16 meses, respectivamente. O álcool fica em torno de 14ºGL em todos, com pequenas diferenças.

Veja as observações de cada um:

2018 (76% C. Sauvignon, 9% Carménère, 5,5% P. Verdot, 5% C. Franc e 4,5% Syrah) tem aromas de café e chocolate, em meio a frutas vermelhas e pretas maduras, untuosidade e taninos aveludados, está pronto e tem vida longa.

2019 (78% C. Sauvignon, 6% Carménère, 6% P. Verdot, 5% C. Franc e 5% Syrah) é muito expressivo e harmonioso, mas difere do 2018 por aromas que remetem à doçura,como caramelo e chocolate, um pouco menos potente, com toque vegetal agradável, ainda jovem, porém delicioso.

2020 (81% C. Sauvignon, 4% Carménère, 5% P. Verdot, 5% C. Franc e 5% Syrah) é bem concentrado, com frutas pretas, especiarias, toque vegetal, mais austero e mais arrojado.

2021 (81% C. Sauvignon, 8% Carménère, 5% P. Verdot, 3% C. Franc e 3% Syrah) é personalíssimo, frutado, potente, taninos vivos e macios, equilibrado e com um futuro longo. Os vinhos Baronesa P. são importados pela Worldwine (@worldwine).

Degustações verticais dão ao apreciador a possibilidade enriquecedora de mergulhar em cada safra do vinho. Acompanhar sua evolução e integração de acidez, fruta, álcool, taninos e longevidade. Faça você também uma prova vertical, recomendo! Até a próxima taça!

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