Santé! Fiz o convite e ele foi aceito. Reuni mulheres profissionais do vinho e da gastronomia, atuantes na nossa Santos, para comemorarmos o Dia Internacional da Mulher. Nosso encontro, um bate-papo de vinho, se de uno QDV Vinhos Wine Bar (@qdvvinhos), onde o proprietário Robinson nos recebeu com mesa posta de queijos, vinhos e muito aconchego.
Minha proposta foi que cada uma levasse vinhos para provarmos e compartilharmos conhecimento, história, cultura, e assim o fizemos.
À mesa: Andrea Santos (@andreareginasommeliere), sommelière e consultora de vinhos, representante de algumas importadoras; Lisi Gouvêa (@livino), consultora e especialista em vinhos brasileiros; Juliana Doglio (@domculinaria), consultora gastronômica e chef de cozinha no QDV Vinhos; Virgínia Costa (@vcosta1000), consultora gastronômica e chef de cozinha no Laticínio Marcelo Wine Bar; Fernanda Lopes (@fernandalopesjornalista) jornalista, cronista, gastrônoma e sommelière; e eu.
Brancos
O nosso primeiro vinho branco foi descartado. Estava bouchonée (confira explicação ao lado). Seguimos com o branco uruguaio da Bodega Gimenéz Méndez Viña Las Brujas Albariño 2022, Canelones/UY. Vinho de boa acidez, frutas brancas cítricas e ótima expressão da variedade ibérica Albariño, que vem brilhando nos pampas uruguaios (12,5ºGL).
Depois, veio o Amitié Viognier 2022, Serra Gaúcha/BR, que nos proporcionou muita satisfação.
Com estágio de 4 meses em madeira (13ºGL), foi unanimemente muito bem avaliado pelas profissionais.
Pêssego, frutas cítricas e toque floral com ótima acidez, estrutura e complexidade. Vale ressaltar que é elaborado por duas mulheres do vinho: Juciane Casagrande e Andreia Milan.
Continuamos com o duriense Quinta do Vale da Pedra Reserva Branco 2021, Douro/PT. Um blend de Viosinho, Rabigato, Gouveio e Códega com estágio sur lie e bâtonnage em carvalho francês (12,5ºGL). Explico: o vinho já na barrica de carvalho, mas ainda com as borras ou resíduos da vinificação (sur lie), tem o revolvimento dessas leveduras mortas do fundo para cima, num remexer (bâtonnage) que resulta em ótima cremosidade e personalidade.
Outro brasileiro, da Vinícola Campestre, Zanotto Sauvignon Blanc Reserva Barrica do 2022, Vacaria, Campos de Cima da Serra/ BR, com passagem em barricas francesas, é sempre de difícil vinificação, entretanto a Campestre acertou a mão. O estágio em madeira o amaciou, acrescentou aromas e sabores sem perder a acidez alta, de praxe dessa uva.
Vinho untuososo, volumoso e complexo(13ºGL).
Degustamos ainda um francês doce Bott Frères Reserve Personalle2012, Gewürztraminer-Alsace/ FR. (12,5ºGL) Apesar da safra, o vinho manteve estrutura e acidez boa. De cor amarelo ouro brilhante e aroma de lichia e mel, acompanhou divinamente o queijo tipo gorgonzola por contra posição. Sensacional!
Tintos
Quanto aos tintos, iniciamos com o português Regional de Lisboa, da Quinta de São Sebastião, Rare Reserva 2021, Douro/PT. Um vinho vegano cujo blend deTouriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah (13,5ºGL) agradou a todas.
Elegante e fácil de beber, é caracterizado por aromas e sabores sutis, como frutas vermelhas maduras, especiarias e chocolate.
Ótimo vinho que pode acompanhar de entradinhas a pratos principais, exceto peixes brancos.
Seguimos com a Vinícola Campestre e o vinho Zanotto Rebo 2021 Vinificação Integral. Da região de Campos de Cima da Serra, cidade de Vacaria (RS), surpreendeu por sua maciez e intensidade.
Rebo é uma uva originária da Itália, resultante do cruzamento de Merlot com Teroldego. Na vinificação integral, há plena interação da uva com a madeira.
As uvas são vinificadas diretamente em barricas francesas de 225 litros. Cada barrica recebe 180 quilos de uva. Com 18 meses de carvalho francês(13ºGL), o néctar de frutas pretas e especiarias traduz-se em um vinho vibrante, macio, encorpado e longo.
Do Vale do Rhône, o Brunel de la Gardine AOC Crozes-Hermitage 2021/FR, encantou! Um Syrah de pedir bis, com estágio de 12 meses em barricas francesas traz a autenticidade do Rhône Norte com violeta, frutas maduras, pimenta e alcaçuz (13ºGL). Taninos sedosos se destacam neste vinho divino.
Concluímos com um Bordeaux Les Mains Sales da Vignobles Bouillac, Petit Verdot safra 2012.
Com estágio de 18 meses em barricas francesas, (13,5ºGL) o vinho conserva bem a tipicidade bordalesa da Petit Verdot. Frutas vermelhas maduras, taninos macios, complexidade e persistência.
Delicioso!
Foi um encontro muito agradávelcom profissionais de muita garra, mulheres lindas, inteligentes e destemidas. Agradeço pela oportunidade de estarmos juntas.
O Dia Internacional da Mulher não deveria necessitar de uma celebração, entretanto isso é necessário para que os jovens tenham conhecimento e os mais velhos não se esqueçam da nossa história de luta por igualdade social, política e trabalhista, além de nossas conquistas de direitos. Enalteço todas as mulheres guerreiras em cada profissão, principalmente as chamadas “do lar”, que se doam integralmente a suas famílias.
E parabéns, especialmente, a nós, mulheres, que nos dedicamos à criação, elaboração, conhecimento e propagação do vinho, que fomenta o comércio, agrega culturas, amizades, laços e histórias diferentes e intensas em cada garrafa.
Até a próxima taça!
MOMENTODIVINO@ATRIBUNA.COM.BR
@CLAUDIAENOAMIGOS
BOUCHONÉE
(FALA-SE BUXONÊ) É UMA DOENÇA NA ROLHA DE CORTIÇA (BOUCHONEM FRANCÊS) CONTAMINADA PELO TRICLOROANIZOL (TCA), COMPOSTO QUÍMICO PROVENIENTE DAS LÂMINAS DE CORTIÇA RETIRADAS DA ÁRVORES OBREIRO. UM VINHO BOUCHONÉE É DETECTADO POR AROMAS E SABORES DEMOFOE UMIDADE. ALIÁS, PARA QUEM NÃO SABE, É UM DOS MOTIVOS QUE PERMITEM AO CLIENTE DEVOLVER A GARRAFA E TROCÁ-LA POR OUTRA, TANTO NO RESTAURANTE QUANTO EM ADEGAS, ENOTECAS E SUPERMERCADOS.