Santé! A variedade da uva Carménère produz vinhos intensos, que muitos bebedores brasileiros apreciam. Contudo, também há a legião dos que os repelem. E isso acontece, certamente, pelo processo de viticultura e de vinificação da mesma.
O nome francês Carménère significa carmim, relacionado a cor da pele da uva, um vermelho vivo e intenso que realça na taça depois de vinificada.
Essa intrigante variedade originária de Bordeaux, na França, foi praticamente extinta de sua terra nativa pela praga devastadora da filoxera. Trazida para as Américas, no Chile se instalou perfeitamente. Vigorosa, a Carménère que fazia parte do blend de vinhos de corte bordalês, foi confundida com a Merlot, quando do seu cultivo no Chile. Entretanto a Carménère cresce diferentemente da Merlot e amadurece três semanas depois. Ambas têm folhagem parecida, aromas adocicados e taninos delicados, mas o diferencial é o sabor.
Somente em 1994 a uva teve sua identidade verdadeira restaurada pelo ampelógrafo Jean-Michel- Boursiquot, quando averiguava vinhedos da Viña Carmen, no Chile. E segundo Hugh Johnson algumas vinícolas fingiram não saber do fato ou simplesmente ignoraram essa verdade, mas a Viña Carmen engarrafou a Carménère como varietal. E obteve total sucesso.
Em solo chileno a Carménère encontrou as condições climáticas ideais para oferecer todo o seu potencial, mas a casta exige muita atenção no momento da colheita, pois se colhida antes de seu amadurecimento pode dar ao vinho aromas de pimentão verde e herbáceo excessivos, taninos disformes, ou melhor um vinho desequilibrado por sua colheita antecipada.
Colhida no momento exato a variedade Carménère resulta em tintos de coloração rubi violácea acentuada, muito frescor, frutas negras maduras, pimenta, toque herbáceo, terra úmida, sabor aveludado, sedoso e marcante. Quando estagiam em carvalho apresentam notas de chocolate, baunilha e tabaco. É também muito utilizada na elaboração de vinhos varietais de ótima qualidade, extraindo todo sabor e características marcantes da casta em cada detalhe da confecção dos tintos. Ela também pode ser encontrada em cortes do norte da Itália.
Harmonize o seu vinho Carménère com carnes grelhadas, churrascos, massas com molhos de ervas, queijos mais delicados como brie e camembert, comidas agridoces e condimentadas.
São diversos os grandes produtores chilenos da uva, mas recentemente provei e aprovei o vinho Carmen Gran Reserva Carménère Frida Kahlo, uma homenagem da vinícola à inspiradora pintora mexicana do século 20. www.carmen.com
Em edição especial limitada, o vinho é produzido com Carménère, a uva emblemática do Chile, redescoberta, como falei acima, em vinhedos da produtora, no setor mais alto de Apalta, no Vale Colchagua. É um vinho grandioso. Experimente.
Até a próxima taça!
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