Santé! Novamente conectados, em novo formato, seguimos desvendando o mundo do vinho. Quem me acompanha neste espaço tem acesso a novas culturas e descobertas de vinhos do Velho e do Novo mundos.
É inegável que o vinho esteve e está cada vez mais associado aos brindes, às conquistas, aos negócios fechados, aos momentos de alegria e até aos de tristeza e solidão – sem ser piegas, apenas constatando! E o vinho brasileiro, como destaco desde a minha primeira coluna, em junho de 2014, vem num crescente, evoluindo e, indubitavelmente demonstrando que o produtor brasileiro possui todo potencial para criar grandes vinhos.
Desde o início da pandemia de covid-19, o mercado nacional teve aumento significativo no consumo de vinhos, despontando com recordes de vendas internas e exportações.
Neste mês, a Ideal Consulting (www.idealbi.com.br, auditoria de importação e inteligência de mercado no segmento de bebidas) publicou dados expressivos sobre a exportação dos vinhos brasileiros. Segundo ela, a exportação de vinhos brasileiros no ano passado cresceu 58% em volume. “Esse aumento consolida o recorde histórico de 892 mil caixas de nove litros exportadas em 2021,o que deve ser comemorado pela indústria brasileira. Em 2020, foram 563, 8 mil caixas de nove litros”, contabiliza o levantamento. Ainda de acordo com a Ideal Consulting, nos últimos seis anos, as exportações aumentaram mais de 500% em volume. “Em valores, as importações cresceram 52% em 2021, chegando a US$ 12,6 milhões. Em 2020, foram US$ 8,3 milhões. Os vinhos finos representam 87,5% do total exportado, enquanto os espumantes ficam com 11, 6% do mercado”.
O mosto responde por menos de 1% dessas exportações, e vem perdendo participação ano a ano, o que mostra que o Brasil vem conseguindo vender produtos de maior valor agregado. Em termos comparativos, em 2015, o mosto representava 15,9% do total de vendas do País para o mercado internacional.
A consultoria avalia que “são vários os fatores que levam ao crescimento das exportações brasileiras. Entre eles está a desvalorização da moeda nacional, que torna esses vinhos mais atrativos no mercado internacional. O aumento da qualidade da produção brasileira nas últimas safras é outra causa importante de tal crescimento. Há ainda o trabalho crescente das vinícolas brasileiras em países que são focos, como os Estados Unidos (comprador de 82% dos espumantes exportados)”.
É fato que a indústria brasileira do vinho evoluiu, sim! Evidente também é a atitude dos pequenos e médios produtores, cujos descendentes são formados em Enologia e Administração e se aprimoram em fazer vinhos de qualidade com criatividade, métodos artesanais e tecnológicos, se engajando cada vez mais no gosto do consumidor brasileiro.
Há ainda a exposição de produtos nas redes sociais, apostando num marketing certeiro. E o consumidor de hoje encontra muitas opções entre vinhos mais artesanais, elaborados de forma mais simples, sem filtragem, sem tanta ou nenhuma madeira, menos alcoólicos, mais frutados, mais naturais, além dos padronizados.
A nossa cultura do vinho vem se formando crescentemente, permeando o nosso cotidiano. Alguns pensam no vinho como status, entretanto, como já frisei outras vezes, o vinho não é em si elitista ou esnobe. Continuo afirmando que o glamour não está no rótulo, mas na felicidade que ele proporciona nos momentos compartilhados com as pessoas, pois o vinho é uma bebida agregadora, que reúne e ainda acalenta a alma.
Indico um vinho que muito me agradou, cujo proprietário é Rogério Carlos Valduga, quarta geração da família Valduga, que no ano 2000 fundou a Vinícola Torcello, no Vale dos Vinhedos, objeto do seu fascínio pela viti vinicultura e desejo de resgatar a tradição da família. Destaco ainda um tinto delicioso da Luiz Argenta Boutique, que tem em seu portfólio rótulos de excelência. Enfatizo meu respeito ao vinhateiro, ao enólogo, ao pequeno, médio e grande produtores; afinal, são eles que depositam sua história e sua alma dentro de cada garrafa.
Até a próxima taça!
MOMENTODIVINO@ATRIBUNA.COM.BR
@CLAUDIAENOAMIGOS
PROVEI E INDICO
Torcello Chardonnay 2021, Vale dos Vinhedos, Serra Gaúcha, BR
(4 meses carv. americano 1o uso)
Uva: Chardonnay (13º GL)
Cor: palha com reflexos dourados, brilhante
Nariz: compota de abacaxi e pêssego, notas de baunilha, nozes, leve tostado
Boca: seco, bom corpo, denso, saboroso, persistente
Harmoniza: bacalhau, frutos do mar, massas e queijos em geral
Preço: R$ 144 no www.torcello.com.br
PROVEI E INDICO
Luiz Argenta Clássico Cabernet Franc 2017, Flores da Cunha, Serra Gaúcha, BR
(9 meses carv. francês)
Uva: Cabernet Franc (14º GL)
Cor: rubi intenso
Nariz: frutas vermelhas em compota, menta, especiarias, chocolate e café
Boca: seco, acidez e corpo equilibrados, taninos macios, estruturado e longo
Harmoniza: carnes vermelhas, pizzas e massas, queijos duros
Preço: R$ 99 no www.luizargenta.com.br