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Momento DiVino "Vin de Constance" 30/07/21 - A Tribuna Jornal - Santos
MOMENTO DIVINO 30-07-2021

Santé! Noite dessas, com frio de tilintar, raro momento aqui, em terras litorâneas, abri o vinho doce Klein Constantia 2005, que descansava na adega, presente da minha filha. Sem um motivo para comemorar, a data ficou marcada como um momento divinamente inesquecível.


Fora do circuito dos enófilos, dos apreciadores de vinhos, poucos sabem que um dos mais cortejados vinhos doces naturais, é o Vin de Constance, um late harvest (colheita tardia) produzido na África do Sul. E sua fama se deu séculos atrás, quando o país ainda colonizado pelos holandeses, dava seus primeiros passos na vitivinicultura.


Esse vinho encantador tem história! Nos séculos 18 e 19 era comparado aos Château D’Yquem, Tokay e Madeira. A nobreza o venerava, reis e rainhas o requisitavam, inclusive Napoleão Bonaparte. Há citações dele nas obras de Alexandre Dumas e Charles Baudelaire. O Constantia, como era então conhecido, teve seu apogeu, mas a produção foi interrompida no final do século 19 por uma combinação de razões, incluindo restrições ao comércio e a chegada de doenças da videira como o oídio e a temida praga filoxera, quando os vinhedos foram quase que totalmente devastados.


A propriedade Klein Constantia fica bem próxima da Cidade do Cabo, na área de Constantia, a mais antiga das zonas produtoras sul africanas. Aliás, numa fazenda concedida em 1685 à Simon van der Stel, 10º comandante da Companhia Holandesa das Índias Orientais no Cabo da Boa Esperança, e quem viabilizou a notoriedade dos vinhos da África do Sul. A região contempla clima e solo perfeitos para o pleno desenvolvimento das videiras, com dias quentes e noites frias e paisagens deslumbrantes.


Klein Constantia


A Klein Constantia está sob o comando da família Jooste desde 1980, que implantando inovações e tecnologia na vinícola recriou o Vin de Constance, nos moldes de seu anterior prestígio mundial. Foram então estudados os primeiros registros do vinho e feita uma seleção de cuidados de um clone da uva Muscat de Frontignan (cepa também denominada Muscat Blanc à Petit Grains), que se encontra no florete original plantado em 1650.


Em 1990 a Klein lança o Vin de Constance 1986 com aclamação instantânea, conquistando desde então prêmios internacionais, a cada safra.


Em 2019, para dar mais notoriedade a seus vinhos, a Klein Constantia aderiu ao mercado de négociants de Bordeaux, com distribuição pela CVBG (Compagnie des Vins de Bordeaux e de la Gironde), Duclot Export e Maison Joanne.


Para a elaboração do Vin de Constance é necessário que as uvas Muscat de Frontignan sejam colhidas pela manhã, bem cedinho, e, em lotes separados: as maduras com grande acidez e as super maduras, murchas, passadas, com alta concentração de açúcar. Depois são maceradas e fermentadas, cada lote em separado para atingir a relação perfeita entre açúcar, álcool e acidez. Cada lote é então levemente pressionado em barris de 500 litros para fermentação, sem intervenção. Isso leva de 6 meses a um ano.


Após a fermentação, o vinho estagia sur lies (sobre as borras, resíduos da fermentação) em uma combinação de carvalho francês novo, carvalho húngaro e acácia francesa por pelo menos 3 anos. Depois de estagiar em aço por 6 meses irá para garrafas de 500ml criadas especialmente para o vinho à semelhança das antigas. O resultado é um vinho deliciosamente doce, mas de equilíbrio notável. Diria que esse é um vinho para acompanhar queijos azuis e sobremesas, mas sobretudo um vinho para meditar.


A abertura de um grande vinho transforma a ocasião num momento divino e inesquecível, não espere a data especial, crie!


Até a próxima taça!


momentodivino@atribuna.com.br



PROVEI E INDICO


Klein Constantia Vin de Constance 2005, Klein Constantia Estate, ZA
Uva: Muscat de Frontignan

Cor: âmbar brilhante (12,5º GL)
Nariz: mel, pêssego, damasco, laranja caramelizada, flores, amêndoas, baunilha, toques balsâmicos, complexo
Boca: doce, acidez impecável, encorpado, intensa concentração de frutas e doçura, untuoso, equilíbrio perfeito e persistência infinita, elegante
Harmonização: queijos azuis como stilton, roquefort e gorgonzola, foie gras,
tortas e bolos de frutas, nozes, amêndoas, chocolate branco

(www.kleinconstantia.com)


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