Santé! E nesses seis anos de coluna Momento Divino, muitos ainda me questionam sobre algumas nomenclaturas incorporadas ao mundo de Baco. Não tive dúvida em republicar uma pauta que repercutiu bastante em abril de 2015. No mundo do vinho há palavras que confundem tanto os apreciadores quanto os leigos.
Cito algumas delas:
Enófilo(a): vem do grego eno=vinho + filo = amigo. É o amigo do vinho, o apreciador. E este pode ser amador ou especialista. O amador apenas gosta da bebida, a consome, é o chamado bebedor, já o especialista aprofundase no assunto, se dedica a estudar e conhecer o mundo do vinho e pode até escrever artigos, livros, ministrar cursos, tornando-se um degustador profissional ou wineexpert.
Enólogo (a): vem do grego eno = vinho + logo = estudo. É o profissional de nível superior, responsável pela produção do vinho, desde o estudo do terreno para o vinhedo, o vinhedo em si, escolha das uvas, plantio, poda, maturação, colheita até o tipo de vinificação. Ainda é o enólogo que decide se haverá uma assemblage ou blend de uvas, o tempo de estágio em barricas ou aço inox. É o criador do vinho. Curioso é que o antigo vinhateiro jamais estudou enologia, mas sua experiência familiar na terra e na adega ainda o faz um “mestre”. Aliás, atualmente os vinhateiros estão muito em voga. Cultivar as uvas em vinhedos orgânicos ou biodinâmicos, tudo da forma mais natural possível e consequentemente exercer a arte da vinificação de acordo com métodos ancestrais tem atraído principalmente os mais jovens.
Sommelier ou sommelière: termo francês para designar o(a) profissional encarregado dos vinhos e/ou outras bebidas de um restaurante, enoteca, bar, supermercado e afins. Em Portugal é conhecido como escanção. O sommelier cuida da carta de vinhos, administração da adega, armazenamento e do serviço do vinho aos clientes.
Atualmente encontramos o sommelier ou a sommelière nos restaurantes sugerindo o vinho adequado tanto ao prato quanto ao gosto do cliente, sempre com delicadeza, humildade e educação. Saindo da etimologia, há também um personagem caricato neste tema, o ‘enochato’.
A pessoa se diz entendido de vinho, gosta de mostrar que sabe, quase sempre com informações superficiais e ainda em local e hora não apropriados. Cheio de ares de sofisticação acaba elitizando e complicando o vinho, até afastando futuros e potenciais apreciadores.
Análises organolépticas (impressão visual, olfativa e gustativa) e demais conhecimentos são necessários apenas em degustações e avaliações entre profissionais, associações, confrarias, clubes de vinhoe etc. Finalizo a coluna de hoje com uma frase célebre do escritor curitibano, engenheiro e cronista de vinhos Luiz Groff, que com perspicácia define:
“O enólogo é aquele que,diante do vinho, toma decisões e o enófilo é aquele que, diante das decisões, toma vinho.” Até a próxima taça!
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