Santé! A uva Tannat, queridinha dos pampas uruguaios, é sua uva emblemática desde o século 19, vinda do Madiran, Sudoeste da França.
Seu nome Tannat indica que é rica em taninos, percebidos na boca por sua textura e estrutura. Taninos maduros revelam sensação aveludada e maciez, já taninos verdes ou de má qualidade, causam adstringência, aspereza e secura na boca.
Em razão de ser uva de casca espessa a Tannat é das mais ricas em elementos antioxidantes naturais, como o resveratrol, que é extraído das cascas e sementes. Esse composto fenólico no vinho é coadjuvante na prevenção de doenças do envelhecimento, como Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, cardio vasculares e alguns tipos de câncer.
O país tem em torno de 8 mil hectares de vinhedos plantados, onde a Tannat reina absoluta entre as tintas, seguida da Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah, Pinot Noir, Tempranillo e etc. Entre as brancas destacam-se Sauvignon Blanc, Chardonnay, Viognier, Albariño, Rieslinge etc.
Os uruguaios são muito orgulhosos da cultura da Tannat, pois na terra de vasta criação de gado (mais de 13 milhões de hectares destinados à pastagens, aproximadamente 11,5 milhões de cabeças de gado, 81% da área total da agropecuária), nada melhor do que um bom vinho para acompanhar uma das carnes mais afamadas do mundo. Aliás, o consumo de vinho é 24,5 litros per capita.
Presente ao Tannat Tasting Tour-Wines of Uruguai,recentemente, sob os cuidados da CH2A Comunicação, pude comprovar o que já vem ocorrendo com os emblemáticos vinhos da uva Tannat. Caldos mais palatáveis, mais elegantese até mais delicados.
Destaco a diversidade de Tannats apresentados na Master Class. Francisco Pizzorno, da Pizzorno Family Estates, discorreu sobre seu Tannat Maceración Carbónica 2018, elaborado nos métodos do vinho francês Beaujolais. Os cachos inteiros são vinificados num tanque de fermentação fechado, para captar aroma e sabor da fruta. O resultado é um vinho bastante frutado e levíssimo. Em contrapartida os Tannats seguintes degustados na Master, foram, em ordem crescente, demonstrando mais caráter, mais potência e muita elegância. Fabiana Bracco apresentou o Narbona Luz da Luna Tannat 2014. 5 parcelas distintas de Tannat, estruturado com 19 meses em carvalho francês e 27 meses de adega, elegantíssimo. A Montes Toscanini ofereceu o Gran Tannat Premium 2015, que me cativou com sua personalidade e delicadeza. Vinho carnudo com certa doçura no início e final de boca. A Pisano Wines divulgou seu Arretxea Tannat 2011, o qual, na minha opinião o mais representativo da casta, afastando qualquer rusticidade, demonstrando evolução, potência e maciez.
Dos diversos vinhos oferecidos na mostra, a Familia Dardanelli, sem importador ainda, debutou e fez bonito com seu Dardanelli Gran Reserva Tannat 2012 assim como o seu Merlot Reserva Familiar 2016. Falando em Merlot, a Bracco Bosca apresentou o Gran Ombú Merlot 2017, um vinho frutado e com muita presença em boca e estagio em carvalho. Elenco ainda dois Pinots: El Capricho Pinot Noir 2017, edição limitada de 1000 garrafas, desta bodega de apenas 7 hectares de vinhedos; Cerro Chapeu Reserva Pinot Noir 2017 com 6 meses de carvalho francês, lembra um bourgogne.
O Tannat Tasting Tour 2018, confirma o quanto as vinícolas familiares uruguaias vêm inovando e oferecendo vinhos cada vez mais refinados. Além dos grandes tintos, exalto os brancos da uva Albariño e Riesling, extraordinários.
Até a próxima taça!
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