Santé! O Vin de Constance é um vinho doce produzido na África do Sul, na região de Constantia, no lindo subúrbio meridional da Cidade do Cabo.
O Vin de Constance tem um passado de glórias e sua história tem mais de 300 anos. Seu vinhedo original foi criado pelo então governador, o holandês Simon van der Stel, em 1685 e permeava 750 hectares. Hoje em dia a área é bem menor.
Esse vinho inspirou grandes representantes da literatura inglesa, como o autor Charles Dickens e Jane Austen. Também Friedrich Klopstock, poeta alemão. O boêmio francês Charles Baudelaire em "As Flores do Mal", compara o esplêndido vinho aos lábios de sua amante. Já Napoleão Bonaparte o tornou conhecido como o Vinho do Imperador, que, aliás, ele o bebeu até no exílio. Até o nosso José de Alencar destaca o vinho no romance "A Viuvinha".
Esse vinho lendário, disputado por grandes reis e rainhas, teve sua produção inibida no final do século XIX com a chegada da temida praga conhecida como filoxera, quando os vinhedos foram quase que totalmente devastados.
Em função do apartheid, a vitivinicultura da África do Sul ficou estagnda. Todavia, nos anos 80 a região de Klein Constantia Estate se desenvolveu novamente e os sul africanos, inspirados na reprodução do lendário vinho doce, se dedicaram a sua pesquisa e recriação.
Klein Constantia e Groot Constantia são atualmente os produtores que vinificam o Vin de Constance. Ele é elaborado a partir da uva Muscat de Frontignan extremamente madura, colhida tardiamente.
Na sua vinificação, a fermentação é interrompida para a que doçura da fruta seja preservada ao final. Com teor alcoólico razoável e alta acidez, esse vinho promete vida longa, pois é possível guardá-lo por 20 a 30 anos.
Eu tive a honra de sorver um Klein Constantia 2005. Vinho dourado com aromas de mel, pêssego, casca de laranja e frutas secas. Sua doçura, acidez e 12,5° de álcool equilibrados o tornam um néctar muito sedutor e envolvente. A harmonização é divina com queijo tipo roquefort e um bom foi gras.
Até a próxima taça!