Santé!
"Inovando com uvas antigas" foi o tema da Master Class na 5ª Edição do Wines of Chile, em São Paulo. Sob o comando do renomado sommelier, Hector Riquelme, foram apresentados para mídia especializada e profissionais da área, dez rótulos de vinhedos especiais e ancestrais, uvas bem diferentes das comumente oferecidas.
Estamos acostumados a degustar vinhos chilenos das uvas Cabernet Sauvignon, da já conhecida e emblemática Carménère, Syrah, Pinot Noir, Sauvignon Blanc e ou Chardonnay. Aliás, vinhos sempre muito bem vindos, uma vez que o Chile lidera o ranking de vinhos importados em nosso país desde 2002 e fechou 2014 com 44,39% de participação em nosso mercado.
Todavia, especialmente nesse encontro nos foram servidos vinhos de uvas não usuais como: Sauvignon Gris, Moscatel, Corinto, Verdejo, Marsanne , Moscatel Rosada, Cinsault, País, Grenache, Mourvèdre, Syrah, Carignan e Malbec, todas de videiras antigas do terroir chileno.
As vinhas antigas produzem vinhos de muita personalidade. São plantas mais equilibradas e mais maduras. Têm raízes muito profundas, o que lhes dá mais qualidade.
Casa Silva 1912 Vines Sauvignon Gris 2014, Colchagua
O enólogo Mário Geisse discorreu sobre o vinho da uva Sauvignon Gris advinda de Paredones e Angostura. Parecida com a Sauvignon Blanc, mas muito mais longeva. É um vinho com tonalidade amarelo claro com reflexos verdeais, nariz de frutas tropicais, herbáceo e mineral. Na boca é uma explosão de frescor, lembra bala paulistinha, tem um sápido agradável, bom corpo e final longo. Grande vinho. (Vinhos do Mundo Import. R$ 75,00)
Gallardia Blanco Corinto Moscatel 2014, Itata
Foi o próprio produtor Marco Antonio De Martino que nos apresentou seu vinho composto da mescla de uvas Moscatel e Corinto do Vale de Itata, área montanhosa, colinas suaves com solos de granito e vinhedos de 105 anos. A Corinto lembra a uva Chasselas da Suíça e o aroma do vinho é bem típico da uva moscatel, ameixa amarela doce e madura, na boca a acidez é bastante pronunciada, bom corpo, 13°GL equilibrado e longo. (Decanter R$72,90)
El Principal Kiñe 2014 Verdejo, Maipo
Don Gonzalo Guzman, enólogo da Viña El Principal, falou da segunda safra do seu vinho da uva Verdejo. Uva originária de Rueda, na Espanha. Um espetáculo de branco com aroma de abacaxi em calda e toque de madeira elegante. Passado em carvalho francês, suas uvas são de vinhedos de altitude. Na boca é seco e austero, mas agradável, com paladar marcante, pois descansa sur lies, termo francês que significa que o vinho passa bom tempo em contato com as borras ou resíduos da fermentação, o que lhe dá mais personalidade e longevidade, equilibrado com 13°GL e longo. (Decanter R$140,00)
Montes Outer Limits Moscatel Rosada 2015, Maule
Bernardo Troncoso, enólogo da Viña Montes apresentou seu vinho da uva Moscatel Rosada, de vinhedos com mais de 100 anos, no Maule. Colhidas em abril de 2015, resultaram num vinho com turbidez aceitável, com aromas de flores e muitas frutas maduras como marmelada e manga, com toque herbáceo, corpo leve e bastante elegante com 13,5°GL. Eu diria que é um vinho "unusual". (Mistral - sem preço definido)
Falernia Pedro Ximenez 2013, Elqui
O diretor da Premium, Rodrigo Fonseca, nos apresentou esse grande vinho da uva Pedro Ximénez, mas ressaltou que não é a mesma de Jerez, Andaluzia, na Espanha. Amarelo palha, aromas herbáceos com toque mineral, o vinho possui boa acidez, corpo médio, sabor bastante mineral e fresco. Com 13°GL provém de vinhedos do Vale de Elqui e é um vinho diferente mas, fácil de beber. (Premium Import.R$ 60,38)
Morandé Creole 2014, Itata e Maule
Hector Riquelme nos apresentou o vinho no lugar do enólogo Ricardo Baeting, que se atrasou. Cinsault e País são vinificadas em tanques "ovos de concreto", com maceração carbônica, ou seja, intracelular. Resulta num vinho bastante frutado, corpo leve e muito elegante. Frutas vermelhas como cereja e framboesa com toque terroso e de especiarias. Com 13,5°GL não é muito persistente. (Grand Cru R$ 141,00)
Errazuriz The Blend 2011, Aconcagua
Hector Riquelme discorreu sua apresentação detalhando sobre esse blend de Grenache, Mourvèdre, Syrah, Carignan e Marsanne (branca), corte típico do Rhône, França. Vinho rubi com reflexos violáceos, aromático (frutas vermelhas, especiarias, chá, toque mineral) e na boca é seco, encorpado, taninos aveludados, equilibrado, 14°GL, é um "show de bola", como bem descreveu Riquelme. Vinhaço elegante e potente. (Vinci R$ 140,00)
Valdivieso Eclat 2009, Maule
Eugenio Ponce, enólogo daViña Valdivieso, fundada em 1879, falou sobre o Éclat 2009, corte de Carignan e Mourvèdre, com amadurecimento em barricas de carvalho francês. Cor rubi com aromas de pimenta e especiarias, tem muita fruta na boca, bom corpo e álcool de 15° GL equilibrados com taninos firmes e grande potencial de guarda. (Ravin R$ 158,00)
Viu Manent Vibo Centenario 2013, Colchagua
José Miguel Viu, Gerente Geral da Viu Manent, apresentou a nova safra do Vibo, que tem Cabernet Sauvignon e Malbec, vinhas de aproximadamente 100 anos, colhidas e selecionadas manualmente. Na cor rubi com violáceo, esse espetacular vinho tem pimenta negra, cassis, cereja e ameixa tanto no nariz quanto na boca. Vinho equilibrado de 13,5°GL com muito frescor, toque mineral, longo. (Hannover R$ 160,00)
Clos dês Fous Tocao 2012, Bio-Bio, Valle de Malleco
Riquelme também analisou a assemblage de Malbec, Carignan e Carménère, chamado de "Vinho dos Loucos". Vindo de vinhedos muito antigos e elaborado por famosos enólogos chilenos, dentre eles Pedro Parra. É, sem dúvida um vinho complexo com aromas de muitas frutas silvestres e notas florais. Na boca é seco, encorpado, frutado, amadeirado e mineral, 14° GL, inesquecível. (World Wine - sem preço definido)
Até a próxima taça!
Sobre a Wines of Chile
A Wines of Chile é a associação responsável por divulgar os vinhos chilenos no mercado mundial. Representa cerca de 90 vinícolas e, além de sua sede em Santiago, tem escritórios em Londres e Nova York, representantes no Brasil, Canadá e Ásia. Trabalha em parceria com a ProChile (Direção de Promoção de Exportações, instituição do Ministério de Relações Exteriores do Chile) para desenvolver e oferecer programas promocionais e educacionais na Ásia, América (Norte e Sul) e Europa.
Com viticultores vanguardistas e visionários, o país se destaca entre os produtores do chamado Novo Mundo, aqueles países situados abaixo da Linha do Equador, como Argentina, Brasil, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia.
Há 12 anos seguimos conquistando um número cada vez maior de consumidores, que comprovam nossa vocação para elaborar vinhos frescos e jovens, e rótulos complexos com alto potencial de guarda", explica Claudio Cilveti, managing director da Wines of Chile.
Além de produzir vinhos em praticamente todas as faixas de preço e categorias, o desenvolvimento de tecnologias e novos métodos na indústria de vinho do Chile permitiu a expansão do mapa vitivinícola do país, com a elaboração de rótulos em terroirs adversos e o resgate de uvas antigas. Um exemplo marcante é a uva País, cuja importância é enorme na história do vinho chileno: a cepa chegou ao Chile no século 16 e durante 400 anos foi bastante utilizada pelos produtores.
De difícil vinificação, pois apresenta acidez pronunciada e dá origem a vinhos mais rústicos e gastronômicos, ela cedeu espaço a outras uvas nos últimos anos, mas graças a técnicas modernas voltou a integrar a grande variedade de uvas produzidas no Chile.
"Além da País, temos outras variedades bem incomuns atualmente cultivadas pelas vinícolas chilenas. Mouvedre, Grenache, Carignan, Pedro Ximenez, Marsanne e Verdejo, por exemplo, têm sido manejadas com maestria pelos produtores, que utilizam suas inovações para resgatarem e contarem um pouco da nossa história em suas garrafas de vinho", pontua Álvaro Ariagada, Gerente Brasil da Wines of Chile, associação que representa e promove a indústria vitivinícola chilena.
"Nossa uva ícone nasce de um ‘resgate'. A Carménère havia sido considerada extinta na França depois que a uma praga devastou vinhedos na Europa. Anos depois, a uva foi redescoberta em plantações chilenas e se adaptou perfeitamente ao nosso clima, onde se desenvolveu bem o suficiente para se tornar nossa casta emblemática", relembra Oscar Paez, diretor do ProChile Brasil, escritório responsável pelas relações comerciais entre Brasil e Chile.
ProChile
Escritório comercial do Chile no Brasil, o ProChile apoia a promoção das exportações de bens e serviços chilenos, além de contribuir na atração de investimentos estrangeiros e no fomento do turismo do país. Com 40 anos de experiência e uma rede de mais de 50 escritórios comerciais no mundo, o ProChile apoia empresas chilenas a participarem das mais importantes feiras e conferências internacionais, bem como eventos em que empresários de diferentes regiões do mundo se reúnem para estreitarem relações comerciais. Mais informações: http://www.prochile.gob.cl
AGENDA
1/9. Degustação de vinhos da Adega Alentejana, Laticínios Marcelo, às 20h. R$70,00 revertidos. Tel. 3234-1861.
3/9. Degustação de vinhos José Maria da Fonseca, Enoteca Decanter, às 20h. R$75,00 - degustação + jantar R$125,00. Tel. 2104-7555.
17 e 18/9. Brinda Brasil, em Brasília. Salão Exclusivo de Espumantes Brasileiros, das 18 às 23h. Site: www.brindabrasil.com .